NOVO CENTRO DE CONFERÊNCIAS NA BÓSNIA
No dia 18 de abril de 2016 foi inaugura- do um centro de conferências na cidade de Mostar, na Bósnia. Cerca de oitenta alunos de diferentes países estavam pre- sentes a m de compartilhar, com o cora- ção em festa, um momento memorável com outros alunos da Bósnia e da Croá- cia do Sul, reunidos em torno desse novo núcleo gnóstico. Mostar – cidade de grande diversidade étnica – é conhecida por sua velha ponte em ogiva, que data da época Otomana. Essa passarela sobre o rio Neretva foi destruída em 1993 pela barbárie e violência da guerra. Em 2004, foi inteiramente reconstruída segundo
o plano original de 1566. É como se a ponte, por essa inauguração, nascesse em Mostar pela segunda vez, mas dessa vez como Ponte de Luz.
Durante os últimos dez anos, os alunos de Mostar (que possui 113.000 habitantes)
e outros, vindos dos arredores da cidade, responderam ao chamado interior como verdadeiros pioneiros. Em 2005, o trabalho teve início com dois candidatos, que foram indicados para as conferências em Zagreb e em Belgrado (a 500 quilômetros de distân- cia). Quando chegaram outros alunos, o grupo alugou uma casa com dois cômodos principais, preparando-se para organizar as atividades de informação e orientação. Por ocasião das conferências de renovação, eles iam a Neustein em Steinfeld na Áustria, a 800 quilômetros de Mostar. Essas viagens cansativas agora pertencem ao passado! Os 14 alunos de Mostar, Sarajevo, Dubrovnik e da Croácia do Sul podem, a partir de agora, ter suas reuniões no andar inferior de uma casa confortável, onde há espaço su ciente para conter um templo para 30 pessoas, uma sala do silêncio, uma cozinha funcional e dezesseis leitos.
A gratidão para com essa pequena cidade iluminada, próxima à capital da Herzegóvina (Saravejo) – onde a quantidade de ruínas são o testemunho de imensos sofrimentos de guerra – irradiava de todos os interessados. Essa gratidão foi brilhantemente expressa pela representante da direção nacional, que ressaltou o trabalho excepcional realizado nessa região: “Nesta cidade onde inúmeras religiões se encontram, uma cidade caracteri- zada por sentimentos profundos, de recor- dações marcantes e de longa duração, de uma consciência étnica própria, fortemente delineada e com conhecimento profundo
da força do sol e da pedra”. Ela resumiu o objetivo e o signi cado do trabalho realizado até então de modo conciso, pelas seguintes palavras: “Tudo depende de vós, Senhor, e de mim”.
o plano original de 1566. É como se a ponte, por essa inauguração, nascesse em Mostar pela segunda vez, mas dessa vez como Ponte de Luz.
Durante os últimos dez anos, os alunos de Mostar (que possui 113.000 habitantes)
e outros, vindos dos arredores da cidade, responderam ao chamado interior como verdadeiros pioneiros. Em 2005, o trabalho teve início com dois candidatos, que foram indicados para as conferências em Zagreb e em Belgrado (a 500 quilômetros de distân- cia). Quando chegaram outros alunos, o grupo alugou uma casa com dois cômodos principais, preparando-se para organizar as atividades de informação e orientação. Por ocasião das conferências de renovação, eles iam a Neustein em Steinfeld na Áustria, a 800 quilômetros de Mostar. Essas viagens cansativas agora pertencem ao passado! Os 14 alunos de Mostar, Sarajevo, Dubrovnik e da Croácia do Sul podem, a partir de agora, ter suas reuniões no andar inferior de uma casa confortável, onde há espaço su ciente para conter um templo para 30 pessoas, uma sala do silêncio, uma cozinha funcional e dezesseis leitos.
A gratidão para com essa pequena cidade iluminada, próxima à capital da Herzegóvina (Saravejo) – onde a quantidade de ruínas são o testemunho de imensos sofrimentos de guerra – irradiava de todos os interessados. Essa gratidão foi brilhantemente expressa pela representante da direção nacional, que ressaltou o trabalho excepcional realizado nessa região: “Nesta cidade onde inúmeras religiões se encontram, uma cidade caracteri- zada por sentimentos profundos, de recor- dações marcantes e de longa duração, de uma consciência étnica própria, fortemente delineada e com conhecimento profundo
da força do sol e da pedra”. Ela resumiu o objetivo e o signi cado do trabalho realizado até então de modo conciso, pelas seguintes palavras: “Tudo depende de vós, Senhor, e de mim”.
De acordo com a Direção Nacional, a questão concernente ao futuro dos alunos nos arredores de Mostar coloca-os – e não só eles – diante de uma escolha na aceitação do desa o: “A nal: permaneceremos ligados à tradição e aos costumes, com os olhos xos nas cicatrizes das feridas que nos foram in- igidas na luta contra as forças dialéticas ou nos juntaremos ao oceano, no qual a menor gota tem um signi cado e uma função?”
Uma ponte entre o buscador e a Gnosis
Servindo-se de uma metáfora, o Presidium chamou igualmente a atenção sobre a função espiritual da ponte que o novo centro estende entre passado, presente e futuro: “O símbolo da cidade – a ponte – foi destruído em 1993. Esse acontecimento mostra bem a que ponto o homem está continuamente pronto para aniquilar aquilo que serve a ele e aos seus, ou que o liga a outras pessoas. A destruição de uma ponte também pode ser vista como uma separação entre as pessoas. Justamente: em Mostar, essa segregação entre as pessoas é uma longa história! Em 1999, por exemplo, quase todos os croatas habitavam na parte oeste do rio Neretva, e quase todos os bósnios na parte leste.” Em toda a Bósnia, 45% da população é muçulmana, 34% sérvios ortodoxos, 15% católica e 1% protestante. Assim, durante séculos, os grupos étnicos e as várias orientações re- ligiosas viveram uns ao lado dos outros, mas não em harmonia.
“E agora, 12 anos após a restauração da ponte, encontramo-nos aqui com um pequeno grupo, em nosso centro, tendo em vista oferecer a todos o Ensinamento Universal, segundo o plano do pensamento gnóstico da Rosacruz Áurea, sem qualquer reserva quanto a sua origem e suas crenças. Um ensinamento baseado no princípio fundamental do amor, bem como da tolerância e da compreensão mútua.
O centro mesmo de Mostar é uma ponte. Ele é agora con ado a todos vocês, não apenas como edifício, mas também em sua função de ponte, como ligação, pois seu aspecto mais importante é ser um laço entre o buscador e o campo de força da Gnosis. Este centro pode retirar o homem da força
da adversidade para conduzi-lo ao campo de força da Nova Vida – pois não são apenas as margens do Neretva que deverão ser ligadas, mas também o campo da natureza com o campo da Nova Vida.
Os alunos daqui e os de fora não somente têm a responsabilidade de sempre lançar uma passarela para os demais; eles têm igualmente como tarefa serem verdadeiros mostari: guardiães que oferecem contínua re- sistência às tentações diárias. Dessa maneira, eles mantêm a ponte aberta para todos os que desejam segui-los. Essa não é uma tarefa fácil, porém uma perspectiva promissora. As- sim como o desejo dos habitantes de Mostar fez renascer a velha ponte, assim também os alunos daqui construíram agora uma ponte que não é feita de pedra, mas de Luz”.
Uma ponte entre o buscador e a Gnosis
Servindo-se de uma metáfora, o Presidium chamou igualmente a atenção sobre a função espiritual da ponte que o novo centro estende entre passado, presente e futuro: “O símbolo da cidade – a ponte – foi destruído em 1993. Esse acontecimento mostra bem a que ponto o homem está continuamente pronto para aniquilar aquilo que serve a ele e aos seus, ou que o liga a outras pessoas. A destruição de uma ponte também pode ser vista como uma separação entre as pessoas. Justamente: em Mostar, essa segregação entre as pessoas é uma longa história! Em 1999, por exemplo, quase todos os croatas habitavam na parte oeste do rio Neretva, e quase todos os bósnios na parte leste.” Em toda a Bósnia, 45% da população é muçulmana, 34% sérvios ortodoxos, 15% católica e 1% protestante. Assim, durante séculos, os grupos étnicos e as várias orientações re- ligiosas viveram uns ao lado dos outros, mas não em harmonia.
“E agora, 12 anos após a restauração da ponte, encontramo-nos aqui com um pequeno grupo, em nosso centro, tendo em vista oferecer a todos o Ensinamento Universal, segundo o plano do pensamento gnóstico da Rosacruz Áurea, sem qualquer reserva quanto a sua origem e suas crenças. Um ensinamento baseado no princípio fundamental do amor, bem como da tolerância e da compreensão mútua.
O centro mesmo de Mostar é uma ponte. Ele é agora con ado a todos vocês, não apenas como edifício, mas também em sua função de ponte, como ligação, pois seu aspecto mais importante é ser um laço entre o buscador e o campo de força da Gnosis. Este centro pode retirar o homem da força
da adversidade para conduzi-lo ao campo de força da Nova Vida – pois não são apenas as margens do Neretva que deverão ser ligadas, mas também o campo da natureza com o campo da Nova Vida.
Os alunos daqui e os de fora não somente têm a responsabilidade de sempre lançar uma passarela para os demais; eles têm igualmente como tarefa serem verdadeiros mostari: guardiães que oferecem contínua re- sistência às tentações diárias. Dessa maneira, eles mantêm a ponte aberta para todos os que desejam segui-los. Essa não é uma tarefa fácil, porém uma perspectiva promissora. As- sim como o desejo dos habitantes de Mostar fez renascer a velha ponte, assim também os alunos daqui construíram agora uma ponte que não é feita de pedra, mas de Luz”.
[siteorigin_widget class=”SiteOrigin_Widget_Image_Widget”]
[metaslider id=2559]
Ponte entre o ontem e o agora, entre a Bósnia e a Croácia, a Rosa-Cruz dos bogomilos, entre os sufis e os gnósticos, entre a matéria e o espírito
A ponte do passado no presente
O novo centro é igualmente um meio de lançar uma ponte até os bogomilos da Idade Média (“os amigos de Deus”) ou pravi krstjani, os verdadeiros cristãos que, nesta região, formaram o último elo da corrente de Fraternidades e que transmitiram os impulsos gnósticos para a Europa. Precisa- mente em Mostar (em Radimlja, em Boljuni e em Podvelezje) podemos encontrar cen- tenas de monumentos funerários que datam da Idade Média: os stecci, que nos recordam os bogomilos. Esses stecci não são apenas lápides para os mortos, para os corpos mor- tais, mas antes testemunhos da ressurreição, da incorruptibilidade; essa é a razão de encontrarmos neles os atributos e símbolos concernentes a essas características. Eles não
personi cam a corruptibilidade do corpo mortal, mas sim a incorruptibilidade do ser vivente, espiritual. O fato de os bogomilos nas proximidades de Mostar atraírem o inte- resse é con rmado por um estudo recente apresentado poucos dias antes da inaugura- ção, sobre os stecci pertencentes a uma área bogomila bastante desconhecida até agora, chamada Podvelezje. Alguns alunos do novo centro também estão envolvidos no estudo do simbolismo dos stecci.
Em homenagem aos krstjani, o dirigente do centro local leu em alta voz a seguinte prece dos bogomilos:
Puri ca-me, meu Deus.
Puri ca-me em meu ser interior e exterior. Puri ca o corpo, a alma e o espírito,
a m de que os germes de Luz em mim cresçam
e de mim façam um archote.
Faze com que eu me torne uma chama que transforma em Luz tudo que está em mim
e ao meu redor.
Uma ponte entre o Islã e o cristianismo
A ponte do centro de Mostar também tem outra função importante. Podemos vê-la também como uma ponte entre o Islã e o cristianismo: uma ponte que liga e reconcilia. Há muito em comum com o gnosticismo no Islã, difundido pelos su s. Em árabe, s’u ja signi ca sabedoria e s’afa signi ca pureza.
Essas palavras constituem uma ligação en- tre o evangelho gnóstico da Pistis Sophia, os bogomilos e os cátaros, a Fraternidade dos puros.
personi cam a corruptibilidade do corpo mortal, mas sim a incorruptibilidade do ser vivente, espiritual. O fato de os bogomilos nas proximidades de Mostar atraírem o inte- resse é con rmado por um estudo recente apresentado poucos dias antes da inaugura- ção, sobre os stecci pertencentes a uma área bogomila bastante desconhecida até agora, chamada Podvelezje. Alguns alunos do novo centro também estão envolvidos no estudo do simbolismo dos stecci.
Em homenagem aos krstjani, o dirigente do centro local leu em alta voz a seguinte prece dos bogomilos:
Puri ca-me, meu Deus.
Puri ca-me em meu ser interior e exterior. Puri ca o corpo, a alma e o espírito,
a m de que os germes de Luz em mim cresçam
e de mim façam um archote.
Faze com que eu me torne uma chama que transforma em Luz tudo que está em mim
e ao meu redor.
Uma ponte entre o Islã e o cristianismo
A ponte do centro de Mostar também tem outra função importante. Podemos vê-la também como uma ponte entre o Islã e o cristianismo: uma ponte que liga e reconcilia. Há muito em comum com o gnosticismo no Islã, difundido pelos su s. Em árabe, s’u ja signi ca sabedoria e s’afa signi ca pureza.
Essas palavras constituem uma ligação en- tre o evangelho gnóstico da Pistis Sophia, os bogomilos e os cátaros, a Fraternidade dos puros.
Certamente não deve ser coincidência o fato de que, após a reconstrução da ponte, Tekija Blagaj, há tempos um grande centro su a 20km de Mostar, tenha ressuscitado de suas cinzas! Ele está situado próximo à fonte de Buna, um local onde os bogomilos se reuniam na Idade Média. Ele corresponde aos sete princípios de uma tekija bósnia, nome dado a um santuários su : uma casa, uma escada, uma queda d ́água, rochedos, um lugar onde um rio nasce, um monumento fu- nerário de um mestre de sabedoria e uma gruta. Esses sete elementos estão ligados segundo leis cosmológicas e justi cam os fatos históricos, as revelações de outrora e as diversas linhas diretrizes tradicionais aplicadas. Tekija Blagaj agora é visitada nos nais de semana por centenas de su s.Abre os olhos e desperta, Vê o amor e a unidade que te criaram. Ama, ama, enquanto puderes.
Ama, ama, até que o segredo
de tua criação te seja revelado. Mergulha, mergulha no oceano do amor, deixa uírem teus pensamentos
e ca em sintonia com o Amor.
Ama, ama, e depois, depois,
desaparece, desaparece, no oceano da unidade,
desaparece no oceano da beleza
do ser humano que tu és,
e vive, vive, ama, ama,
como o som da auta de caniço.
(Poema de um mestre su )
Ama, ama, até que o segredo
de tua criação te seja revelado. Mergulha, mergulha no oceano do amor, deixa uírem teus pensamentos
e ca em sintonia com o Amor.
Ama, ama, e depois, depois,
desaparece, desaparece, no oceano da unidade,
desaparece no oceano da beleza
do ser humano que tu és,
e vive, vive, ama, ama,
como o som da auta de caniço.
(Poema de um mestre su )
Literatura:
J. van Rijckenborgh, Confessio da Frater- nidade da Rosa-Cruz,
Su – Mestres do Amor, Rumi & Hafez, 34 e parte da série dos simpósios, Haarlem 2015, 81
Adis Zilic, Stecci Podvelezja, Mostar 2016
Tekija Blagaj, brochura