Cada átomo do corpo físico do ser humano é animado e mantido por um duplo etérico ou corpo vital, responsável pela vida do organismo. Fala-se de um “duplo etérico” porque o corpo etérico perpassa e envolve inteiramente o corpo físico e, assim, este é duplicado. Trata-se, assim, de dois corpos que, juntos, formam um.
CATHAROSE DE PETRI
Também sabemos que esses dois veículos
do ser humano são, por sua vez, perpassados
e envolvidos por outro corpo ainda maior
e mais sutil do que os dois primeiros, a saber,
o corpo astral. Logo, existem três corpos
que trabalham em unidade para tornar
possível a existência de um ser vivo: o
corpo astral, o etérico e o físico. Estes
três corpos distinguem-se nitidamente e
são organizados, isto é, constituem um
sistema, uma forma exterior, uma figura
que apresenta semelhança com o tipo
natural do corpo físico.
Durante a noite, quando o homem está
em estado de sono, a personalidade mantém
os três veículos separados e o corpo
astral, que permanece em intensa e autônoma
atividade, pode ser reconhecido
como a imagem daquele que repousa.
No entanto, não vamos pensar que isso
define e descreve a manifestação do
homem. Quem pensa assim comete um
grande erro! Ora, o homem também não
dispõe de uma faculdade de pensar, de
um corpo mental? Na verdade é impreciso
falarmos da existência de um
“corpo” mental, porque esse corpo ainda
não está completamente formado. Esta é a
aquisição mais recente do homem desde
o início do desenvolvimento da humanidade
e está, portanto, longe de constituir
um quarto corpo que transpassa e envolve
os outros três.
Ao contrário, podemos no máximo
reconhecê-lo como uma atividade flamejante,
portanto luminosa, no santuário
da cabeça. Assim, não podemos dizer
que o homem já dispõe perfeitamente
de sua faculdade de pensar. Nem de
longe, e muito pelo contrário! E, mesmo
quando essa faculdade existir, o homem
não poderá ser chamado de “Homem”
perfeito, sem que haja uma manifestação
tríplice do Espírito, uma manifestação
que corresponda aos três raios primários
do Espírito Sétuplo que, na Escola Espiritual,
são designados como “o triângulo
equilátero”.
Assim, podemos considerar o homem
verdadeiro, completo, como uma manifestação
sétupla: com quatro veículos
e três manifestações do Espírito, quais
sejam: um triângulo da manifestação
espiritual e um quadrado da construção.
Portanto, imaginando o homem verdadeiro
dessa maneira, saberemos, com certeza,
que o ser humano tal qual o conhecemos
ainda não pode ser considerado
“nascido” no sentido divino absoluto.
Ainda estamos em estado de vir-a-ser.
Somos, como disse Paulo, os “não
nascidos”. É sob essa luz que devemos
refletir a respeito de nossos problemas
e dificuldades. A vida que vivemos agora
não é uma vida verdadeiramente
humana, pois ainda não temos faculdades
para tanto, mas apenas possibilidades.
Nossa possibilidade mais elevada de
expressão é, assim como nos animais,
o corpo astral. Desse modo, e com
todo o direito, é que Hermes
Trismegisto não faz qualquer distinção
entre o homem natural e os animais.
O leitor pessimista, ao ler tudo isto e refletir
a respeito, poderá questionar: “por que
então afligir-se e inquietar-se! Somo os
não nascidos ainda na condição de vir-a-ser.
Vamos esperar tranquilamente até que d
chegue nosso nascimento, que fará de nós
verdadeiros homens.”
Há muitas pessoas no mundo que se
posicionam assim, aludindo à teoria da
evolução. Elas dizem: “Primeiro éramos,
em termos de consciência, da espécie
mineral, depois da vegetal, a seguir da
animal e agora estamos em vias de nos
tornar homens. No raio de ação da era de
Aquário, na qual estamos entrando, vamos
subir de novo um degrau importante
na escada da evolução”. Convém saber,
porém, que a Escola Espiritual rejeita totalmente
essa concepção, pois não se trata
de uma evolução que se realiza automática
e tranquilamente.
No que se refere a nós, houve antes uma
evolução que se realizou sob uma direção
divina, todavia essa época, essa fase,
há muito já ficou para trás. Tão logo os
três veículos – os corpos físico, etérico e
astral – estiverem entrosados em maravilhosa
e prodigiosa unidade, acendendo
bem lentamente a “flama do pensar”,
será atribuída uma missão ao homem
no estado de vir-a-ser. Uma missão a ser
cumprida por ele com absoluta autonomia
e independência. Uma missão que pode
ser executada porque a cooperação dos três
veículos dá ao homem em devir a posse de
um ânimo, uma alma, e porque a pura flama
do pensar recém-acesa dá a esse homem em
devir uma compreensão tão ampla, que ele
pode comer do fruto da Árvore da Vida, que
está no centro do paraíso de Deus.
É preciso saber como uma grande parte
da onda de vida humana profanou a
pureza original e deturpou a preparação
para a atividade pessoal, desviando-se da
raça original.
Devemos tomar consciência e compreender
isso de fato! Afinal, todos nós pertencemos
ao grupo dos seres humanos ainda não nascidos,
essas entidades que, em consequência dessa falta,
formaram o grupo humano de não nascidos e
vagam na noite e na morte, suspirando em
meio a sofrimentos e dissabores. A morte
é nossa companheira e a ilusão, nosso
estado de vida. Nós perdemos nossa
pureza original como se fosse uma peça
de vestuário negligenciada e de difícil
limpeza, que será perdida se demorarmos
muito para cuidar dela. Essa peça então
fica danificada e torna-se inutilizável. Do
mesmo modo aconteceu com uma parte
da humanidade no passado original,
da qual temos não mais que uma vaga
lembrança. Porém – Deus seja louvado
– nossos microcosmos podem sempre
receber, pela reencarnação, uma nova
possibilidade de renascer como Homem
verdadeiro!
Então, compreendendo isso interiormente,
com certeza não esperaremos mais
um dia sequer para aproveitar o tempo
enquanto é possível. ◊
O extraordinário pensamento de Jan van Rijckenborgh eseu grande amor pela humanidade levaram-no a fundar,juntamente com Catharose de Petri, uma escola modernapara o desenvolvimento da consciência, o LectoriumRosicrucianum. Fizeram-no fundamentados na ideia deque a solução para a falta de conhecimento dos fundamentosda existência é a chave para a supressão do sofrimento no mundo.
Pentagrama no 3 / 2016